24/02/2025 10:37:00 - Atualizado em 24/02/2025 11:06:00

Novas tarifas e diplomacia: a relação entre Brasil e EUA vai ser afetada?

Yasmin Eulalio, sob supervisão de Caio Fonseca

Especialista analisa impactos após Trump anunciar uma possível taxação de produtos importados

(Foto:EFE)

No último mês, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a possibilidade de impor novas taxações sobre produtos importados, como aço e alumínio, de outros países, incluindo o Brasil.

Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva rebateu, afirmando que o Brasil irá “trabalhar com reciprocidade”: “Não tem dúvida, haverá reciprocidade do Brasil em qualquer atitude que tiver contra o Brasil”.

Mas como isso pode influenciar os dois países? As taxas podem prejudicar a economia dos EUA e do Brasil? O portal da RedeTV! conversou com o jornalista Fernando Hessel, Observador-Chefe na Casa Branca e no Pentágono, para entender os efeitos dessa decisão.

Segundo o especialista, a relação dos Estados Unidos com o Brasil é secular, com 200 anos de história. “Não nasceu ontem e, sendo bastante sincero, uma possível separação diante de tanto relacionamento, de tanto tempo, é praticamente impensável”.

Hessel destaca que existem laços consolidados de ambos os lados, incluindo empresas americanas no Brasil e empresas brasileiras nos Estados Unidos. “Existe uma mão de obra brasileira especializada muito importante nos EUA, uma mão de obra brasileira extraordinária com residência permanente que faz a economia girar”, explica.

“São médicos, pesquisadores, estudiosos, engenheiros e empreendedores. São cerca de 2 milhões de brasileiros nestas condições. Por isso, seria bastante insano vermos uma quebra desta relação comercial entre estas duas potências da América”, pontua o jornalista.

Ainda em entrevista ao portal da RedeTV!, Fernando Hessel analisou os possíveis desdobramentos em torno das possíveis novas taxações: “Eu sempre alerto para que a opinião pública separe a retórica, separe o discurso das ações práticas. Esse estilo de gestão da Casa Branca realmente difere daquilo que se estabeleceu como padrão nas relações diplomáticas”.

“Mas existe um sistema robusto por trás disso tudo que não tem como a gente mexer. O fato é que o presidente Trump não pode desestabilizar determinados blocos. Se isso ocorrer, todo este passivo vai ficar para os Estados Unidos”, explicou

O jornalista também detalha a situação econômica do país americano atualmente. “Hoje a lei no país é economizar, até porque os caixas estão vazios. O governo americano está sem dinheiro para pagar os salários dos funcionários públicos federais”, revelou Hessel.

“E isso não é uma situação que vem de agora. No último ano de Joe Biden, por exemplo, foram quatro pedidos de clemência da Casa Branca ao Congresso americano por mais dinheiro. Se esta guerra tarifária do aço, por exemplo, acontecer, quem vai sofrer mais é o próprio americano. Apesar do país ter potencial na mineração, os Estados Unidos hoje não conseguem suprir o próprio mercado interno”, complementou.

O jornalista conclui dizendo: “Eu costumo brincar que, entre tapas e beijos, esta relação dos Estados Unidos com o Brasil sempre existirá, mesmo sendo este amor meio malandro. Este é um amor necessário”.

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