24/01/2025 17:04:00 - Atualizado em 24/01/2025 17:08:00

Carnaval e política combinam? Entenda como a 'folia' pode ser palco de manifestações

Ana Souza com supervisão de Evelyn Mendes / Redação RedeTV

 Ao ‘Portal da RedeTV!’, especialistas debatem sobre como a festa popular se transformou em um espaço para reivindicações e protestos

(Foto:Pixabay)

O Carnaval está chegando e, para muitos brasileiros, essa é a época mais aguardada do ano, cheia de diversão, fantasia e… política! Ao longo dos anos, essa data popular se transformou em um palco para manifestações e insatisfações, onde a população aproveita para expressar suas lutas e opiniões. 

Para entender melhor o papel do Carnaval como uma ferramenta de expressão política e social, o portal RedeTV! entrevistou dois especialistas no assunto: Wilian Ramalho Feitosa, coordenador de gestão pública no Instituto Federal de São Paulo e pesquisador em Cultura de Consumo e Políticas Públicas, e Odirley Isidoro, fundador da escola de samba Acadêmicos de São Paulo, no campus da USP.

Para Wilian, o Carnaval pode sim ser um espaço para denunciar problemas sociais e incentivar a reflexão sobre questões políticas. Ele destacou que a data não tem o poder de resolver problemas ou gerar transformações políticas diretas, mas que há a oportunidade de organizar mobilizações mais substanciais.

“O Carnaval não é, de fato, uma ferramenta de resolução de problemas ou de transformação política. Ele não tem essa função”, afirmou o pesquisador. “É um momento em que todo mundo está na rua. É fácil divulgar uma ideia”, complementou.

Já na visão de Odirley, o Carnaval vai além de uma simples festa. Ele considera o evento uma verdadeira “locomotiva de informação”, capaz de discutir e promover temas sociais e políticos de maneira única: "Estamos falando do maior teatro a céu aberto do mundo. Então, gera a possibilidade, hoje, nesse formato de sociedade, de poder falar de questões políticas e sociais.”

“O Carnaval possibilita falar de questões políticas e sociais de uma forma muito eficaz”, complementou o fundador do Acadêmicos de São Paulo.

Odirley também destacou como alguns desfiles conseguiram aproveitar a visibilidade da data. Um exemplo disso, para ele, foi o desfile da Estação Primeira de Mangueira, em 2019, que trouxe à tona o caso de Marielle Franco, vereadora assassinada no Rio de Janeiro.

Outra apresentação que marcou história para o carnavalesco foi a da Rosas de Ouro que, durante a pandemia de Covid-19, usou sua apresentação para criticar a postura do governo Bolsonaro. “A Rosas de Ouro, na pandemia, falou sobre a questão das vacinas, a negação das vacinas”, relembrou.

Mas, não é de hoje que esse tipo de manifestação ocorre. Relembre outros três momentos de grande impacto:

Golpe Militar - 1964

O Carnaval de 1964 aconteceu pouco antes do golpe militar que depôs o presidente João Goulart. Apesar de ser um momento de festa, sambas e marchinhas faziam críticas indiretas ao governo e à corrupção, refletindo o mal-estar da população sem se opor abertamente ao regime. A sátira nos blocos de rua foi uma forma disfarçada de protesto.

Ditadura Militar - 1968

Nos anos de Ditadura Militar (1964-1985), o Carnaval se tornou um espaço de resistência. Alguns sambas, como A Voz do Morro, abordaram temas como a desigualdade social e a marginalização da população, algo que não passava despercebido pelas autoridades. A crítica política era feita de forma indireta, mas potente.

“Diretas Já” - 1984

Em 1984, o Carnaval refletiu o movimento pelas “Diretas Já”, que exigia eleições diretas para presidente. Os desfiles das escolas de samba e blocos de rua trouxeram uma forte mensagem política, com músicas e enredos que criticavam a ditadura e clamavam por redemocratização.

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